Quero vestir a minha alma de uma cor que não cabe no peito, mas não me encaixo no caleidoscópio que você me colocou. E enquanto eu tento fazer todas as cores caberem em mim, percebo os sinais que você roubou.
Eu vejo muitas luzes passando pela janela, mas nenhuma delas me atrai como a sua. Será que se eu não fosse tão apagada, tão resoluta, tão... estranha, você veria o que eu vejo?
As estrelas mantém a ordem num tom natural e brilhante enquanto eu tento encaixar a minha rima desenfreada no seu desassossego, só que eu percebi que eles não se encaixam como deveria.
Eu devo jogar fora?
Se eu passasse sempre por cada esquina, meus olhos captariam muitas coisas de uma vez, mas quando penso na direção em que quero olhar, eu só vejo um coração sangrando.
Eu devo jogar fora?
O único vestido que eu tenho está imundo de cores que eu nunca poderei usar. A única rima insípida que permanece na ponta da língua não consegue se manifestar. Se eu soubesse que tudo iria desmoronar, eu teria me vestido de preto e branco, porque são as únicas cores que cabem no meu peito.
Eu devo abrir mão?
Todos os sinais de trânsito, viadutos e avenidas não prepararam o meu coração para todo aquele desafeto. Eu tentei me desvencilhar, mas a minha alma não combina com a calmaria do seu olhar.
Eu devo jogar fora?
Eu devo abrir mão?
Vou vestir preto e branco amanhã. E vou desapegar de todas as cores do caleidoscópio.
E desaparecer.

Com o meu coração na mão.

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